Você já imaginou que uma aranha pode devorar uma cobra? Vamos descobrir os mecanismos necessários para esta captura.
Vídeo 1- Aranha devora cobra
O vídeo acima retrata o ataque de uma aranha
(tarântula gigante) a uma cobra (jararaca). Ao atacar a cobra, a tarântula gigante injetou
uma grande quantidade de veneno e considerando também o tamanho relativamente
pequeno dessa jararaca, este veneno agiu com bastante potencialidade o que
levou á sua paralisação seguida de morte. O veneno dessas aranhas
é ativado quando a glândula de peçonha recebe um estresse mecânico ou um
estímulo nervoso. As proteínas do veneno somente serão ativadas após sua
liberação para o meio externo ao entrarem em contato com as partículas do
ar. Seu veneno além de proteínas e
peptídeos possuem as acilpoliaminas que são moléculas pequenas e potentes
derivadas de poliaminas, que antagonizam varias classes de receptores, tais
como receptores ionotropicos de glutamato e receptores nicotínicos de
acetilcolina, podendo também interagir com canais iônicos dos sistemas
nervosos, central e periféricos1.
A paralisia ocasionada pelo veneno da
tarântula ocorre essencialmente em três etapas: o bloqueio do potencial de
ação, alteração no sistema nervoso e a paralisia da musculatura. O potencial de
ação consiste em alterações
transitórias na diferença de potencial elétrico da membrana de neurônios e de
células musculares que não sofrem variação com a distância, esses são chamados
de impulsos nervosos que são transmitidos através de uma cadeia de neurônios. Os
sinais passam através de junções interneuronais chamadas de sinapses. O primeiro
neurônio secreta um neurotransmissor,
que age sobre proteínas receptoras na membrana do próximo neurônio para
excitá-lo, inibi-lo ou apenas modificar sua sensibilidade2.
Com
a injeção da toxina na cobra, o veneno da aranha poderá agir de forma pré-sináptica, inibindo a liberação do
neurotransmissor acetilcolina, responsável pela geração e transmissão do
impulso nervoso para a contração muscular, não ocorrendo dessa forma a sinapse
na placa motora, não chegará nenhum sinal ao músculo que ficará paralisado ou
poderá ter uma ação pós-sináptica, onde o veneno irá bloquear o receptor da
acetilcolina, dessa forma, há liberação de acetilcolina, porém ela não consegue
atuar sobre os receptores pós-sinápticos que estão ocupados pelo veneno e o
músculo então ficará inerte. A inibição da Acetilcolina ocorre pelo bloqueio
dos canais iônicos que são responsáveis por disparar o potencial de ação, esse
bloqueio ocorre devido a bomba de sódio-potássio parar de funcionar após a ação
do veneno.
A acetilcolina é considerada um neuromodulador
que se difunde através de grandes
áreas do sistema nervoso, tendo um efeito nos neurônios múltiplos, estando esta
envolvida em diferentes comportamentos tais como: movimento, atenção
aprendizado e memoria. O veneno
destrói a matriz extracelular alterando a cinética dos canais, permitindo a
livre difusão das toxinas. Os canais iônicos são muito importantes para a
dinâmica das células, pois atuam como moduladores do potencial de membrana,
participando de funções importantes no organismo, tais como a secreção de
hormônios e de neurotransmissores, contração muscular e expressão gênica1
. A injeção do veneno
facilitou a digestão da jararaca, pois o veneno da aranha, contem enzimas que
decompõem proteínas, sendo que a cobra acabou morrendo em pouco tempo após a
picada. A circulação do veneno na corrente sanguínea, próximo ao sistema
nervoso central possibilitou a paralisia imediata da presa, facilitando a sua
captura e morte.
REFERÊNCIAS
1. PIMENTEL, Filippe G.
Clonagem e expressão da sequência para o peptídeo maduro LTx4 da aranha Lasiodora sp em sistema pET21b.UFOP(Dissertação)
- Ouro Preto - MG. 2010.
2. GUERRA, Rafael A. T. et al. Fisiologia Humana e
Animal comparada. Editora Universitária: João Pessoa – PB. 2010
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