domingo, 3 de novembro de 2013

Aranha X Cobra

Você já imaginou que uma aranha pode devorar uma cobra? Vamos descobrir os mecanismos necessários para esta captura.

Vídeo 1- Aranha devora cobra

O vídeo acima retrata o ataque de uma aranha (tarântula gigante) a uma cobra (jararaca).  Ao atacar a cobra, a tarântula gigante injetou uma grande quantidade de veneno e considerando também o tamanho relativamente pequeno dessa jararaca, este veneno agiu com bastante potencialidade o que levou á sua paralisação seguida de morte. O veneno dessas aranhas é ativado quando a glândula de peçonha recebe um estresse mecânico ou um estímulo nervoso. As proteínas do veneno somente serão ativadas após sua liberação para o meio externo ao entrarem em contato com as partículas do ar.  Seu veneno além de proteínas e peptídeos possuem as acilpoliaminas que são moléculas pequenas e potentes derivadas de poliaminas, que antagonizam varias classes de receptores, tais como receptores ionotropicos de glutamato e receptores nicotínicos de acetilcolina, podendo também interagir com canais iônicos dos sistemas nervosos, central e periféricos1.

 A paralisia ocasionada pelo veneno da tarântula ocorre essencialmente em três etapas: o bloqueio do potencial de ação, alteração no sistema nervoso e a paralisia da musculatura. O potencial de ação consiste em alterações transitórias na diferença de potencial elétrico da membrana de neurônios e de células musculares que não sofrem variação com a distância, esses são chamados de impulsos nervosos que são transmitidos através de uma cadeia de neurônios. Os sinais passam através de junções interneuronais chamadas de sinapses. O primeiro neurônio secreta um neurotransmissor, que age sobre proteínas receptoras na membrana do próximo neurônio para excitá-lo, inibi-lo ou apenas modificar sua sensibilidade2.

Com a injeção da toxina na cobra, o veneno da aranha poderá agir de forma pré-sináptica, inibindo a liberação do neurotransmissor acetilcolina, responsável pela geração e transmissão do impulso nervoso para a contração muscular, não ocorrendo dessa forma a sinapse na placa motora, não chegará nenhum sinal ao músculo que ficará paralisado ou poderá ter uma ação pós-sináptica, onde o veneno irá bloquear o receptor da acetilcolina, dessa forma, há liberação de acetilcolina, porém ela não consegue atuar sobre os receptores pós-sinápticos que estão ocupados pelo veneno e o músculo então ficará inerte. A inibição da Acetilcolina ocorre pelo bloqueio dos canais iônicos que são responsáveis por disparar o potencial de ação, esse bloqueio ocorre devido a bomba de sódio-potássio parar de funcionar após a ação do veneno.

A acetilcolina é considerada um neuromodulador que se difunde através de grandes áreas do sistema nervoso, tendo um efeito nos neurônios múltiplos, estando esta envolvida em diferentes comportamentos tais como: movimento, atenção aprendizado e memoria. O veneno destrói a matriz extracelular alterando a cinética dos canais, permitindo a livre difusão das toxinas. Os canais iônicos são muito importantes para a dinâmica das células, pois atuam como moduladores do potencial de membrana, participando de funções importantes no organismo, tais como a secreção de hormônios e de neurotransmissores, contração muscular e expressão gênica1A injeção do veneno facilitou a digestão da jararaca, pois o veneno da aranha, contem enzimas que decompõem proteínas, sendo que a cobra acabou morrendo em pouco tempo após a picada. A circulação do veneno na corrente sanguínea, próximo ao sistema nervoso central possibilitou a paralisia imediata da presa, facilitando a sua captura e morte. 


REFERÊNCIAS

1. PIMENTEL, Filippe G. Clonagem e expressão da sequência para o peptídeo maduro LTx4 da aranha Lasiodora sp em sistema pET21b.UFOP(Dissertação) - Ouro Preto - MG. 2010.


 2. GUERRA, Rafael A. T. et al. Fisiologia Humana e Animal comparada. Editora Universitária: João Pessoa – PB. 2010



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