sábado, 21 de setembro de 2013

Mecanismos de Adaptação dos Mamíferos(Guepardo)

                                                 
                                              
                                             Figura 1 - Guepardo em alta velocidade
Fonte: www.essaeoutras.xpg.com.br


Os guepardos são felinos que vivem em grandes áreas (savanas) em que há abundancia de presas, são considerados os animais predadores mais velozes do mundo. Seu hábito de vida está estritamente relacionado ao sexo. As fêmeas são solitárias, enquanto os machos, apesar de territorialistas, quando ainda estão jovens, procuram parceiros para conquistar um território e aumentar as chances de sobrevivência. Esse hábito de vida deve-se as adaptações que ocorreram ao longo do processo evolutivo, o que possibilitou que esse animal sofresse transformações morfologicamente e fisiologicamente, possibilitando-o maiores chances de sobrevivência. Esses processos evolutivos sofridos pelos guepardos é o que permite sua diferenciação quanto ao hábito de vida e estratégias de sobrevivência de outros felinos. 

As fêmeas de guepardos criam seus filhotes sozinhas, o cuidado parental é bastante forte nesse grupo de felinos e extremamente importante para a perpetuação da espécie. Os filhotes crescem ao lado da mãe, pois em seus primeiros meses de vida são bastante vulneráveis a diferentes predadores, principalmente os leões, que mesmo com a presença de inúmeras presas, costumam matar muitos guepardos jovens a fim de eliminar a competição. Aprender a caçar e fugir de predadores são essenciais para um filhote de guepardo. Esse aprendizado deve-se aos neurônios espelhos que são células cerebrais essenciais no aprendizado e atitudes e ações, estes são disparados quando o animal observa outro realizar algum tipo de ação. A partir da observação, através dos órgãos dos sentidos visuais essas células disparam em resposta a cadeias de ações relacionadas a intenções e o animal fixa em seu banco de memória o que foi observado e vivenciado em um determinado momento de sua vida1. Por esse motivo os guepardos ainda bem jovens começam a imitar sua mãe e a aprender com ela os truques ideais para sua sobrevivência. 

                                               Figura 2 - Fêmea de Guepardos com Filhotes
Fonte: www.downloadswallpapers.com

Quando os filhotes atingem a idade da independência a mãe os abandona, por isso as fêmeas são consideradas solitárias. O fato de a mãe deixar seus filhotes após eles atingirem uma determinada idade pode estar relacionado à presença de um estimulo que pode ser um cheiro ou um determinado comportamento que a faz perceber que seus filhotes não precisam da sua presença e que este é o momento deles tornarem-se independentes.  

Os machos quando jovens procuram outro macho da sua mesma idade, para que juntos possam se defender e garantir sua sobrevivência. Essa procura deve ser minuciosa, pois se o jovem encontrar um macho alfa pode ser fatal. Esse reconhecimento deve ser devido a algum estimulo sensorial presente nos machos alfa, como o odor, que é liberado através da urina utilizada por esses machos para marcar seu território. Esse odor encontrado no ambiente é um estímulo que vai desencadear o potencial de ação que gera um impulso para que haja a contração muscular permitindo que o macho jovem fuja. Os machos buscam se aperfeiçoar na caça, para que possam assumir uma posição hierárquica e assim dominar um extenso território.   

Diferente dos guepardos que quando adultos reconhecem os seus predadores a partir de atividades sensoriais e estímulos, os gnus não possuem esse aprendizado. Isso deve-se ao fato de que eles não reconhecem os guepardos como predador, esse não reconhecimento pode ser porque não há o ensinamento dos pais quando ainda estão jovens ou pela não eficiência de seus neurônios espelhos que são os responsáveis pelo aprendizado nos animais. Os gnus também não encontram um estimulo no ambiente como acontece com os guepardos para que ocorra a fuga, ou os estímulos que são encontrados no ambiente pelos gnus não seja considerado um perigo ou uma ameaça. O indivíduo recebe o estimulo através de seu sistema sensorial. Esses estímulos dirigem-se até o encéfalo, onde serão traduzidos em percepções, ou seja, terão significados diferentes, conforme a interpretação que o organismo dará para eles2. Esse estímulo é essencial para que ocorra o potencial de ação que gera o impulso para que haja a contração muscular e a possível fuga do animal. 

Outro fator que pode estar associado ao não aprendizado dos gnus é a sua baixa performance cognitiva. A cognição é uma característica adaptativa em que o animal integra percepções ambientais, aprende sobre o seu ambiente e memorizam elementos como comida, parceiros, predadores entre outros3A cognição requer uma interação neuronal complexa, interação esta que não ocorre no sistema nervoso dos gnus. 

Os machos de guepardos reconhecem que a fêmeas estão em período fértil através do seu comportamento, pois as fêmeas quando estão nesse período costumam rolar-se pelo chão, além do comportamento pode ter algum estímulo que o faça ter esse reconhecimento. Durante esse período o macho não a perde de vista garantindo que ele será o único pai dos descendentes dela. Esse comportamento deve-se aos mecanismos adaptativos que ao longo da evolução garantiu que o macho se acasala-se com somente uma fêmea afim deste garantir que ela fosse fecundada somente por ele e que os seus genes se perpetuassem ao longo das gerações. No entanto, esse comportamento pode ser prejudicial para a espécie, pois diminui a variabilidade genética que pode ameaçar a diversidade genética da espécie.

REFERÊNCIAS

1. LAMEIRA, Allan Pablo et alNeurônios Espelho. Ed. Psicologia USP: São Paulo -  SP 17(4), 123-133. 2006.

2. GOMES, Carmem M.; Silva, Juliana A. Fisiologia do Estresse: Aspectos Neuroendócrinos e comportamentais. Disponível em: < http://www.psicologiaanimal.com.br/arquivos/artigos/fisiologia_estresse.pdf >. Acesso em 09 de Setembro 2013.


3. GUERRA, Rafael A. T. et al. Fisiologia Humana e Animal comparada. Editora Universitária: João Pessoa – PB. 2010