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www.petmag.com.br
O cortisol plasmático é o indicador de estresse mais
utilizado em peixes em qualquer estágio de seu desenvolvimento. Seus três
importantes alvos são: as brânquias, intestino e fígado, os quais refletem as duas maiores ações desse
hormônio, isto é, o controle do balanço hidromineral e do metabolismo
energético. Sua atuação se dá através de dois tipos de receptores
intracelulares, os mineralocorticoides e glicocorticoides. Atuando como mineralocorticoide,
o cortisol atua na regulação osmótica e iônica estimulando a diferenciação de células
de cloreto nas brânquias e aumentando a atividade da bomba de sódio-potássio (Na+/K+
- ATPase) que participam no transporte ativo dos íons sódio e cloreto. Em sua
função como glicocorticoide, o cortisol estimula a glicogenólise no fígado, ocasionando
uma hiperglicemia; estimula também a gliconeogênese neste mesmo órgão, além de
influenciar no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios, (FILHO, et al, 2005). A gliconeogênese pode
contribuir para a perda de peso durante um estresse crônico. Outra
função do cortisol durante o estresse é suprir a demanda energética dos peixes,
no entanto o aumento do cortisol no organismo do animal pode afetar o sistema
imunológico, os corticosteroides têm ação anti-inflamatória, inibindo o aumento
da permeabilidade vascular e a migração de leucócitos para o foco lesado. Esta
resposta é denominada de resposta terciaria que se manifesta também na inibição
do crescimento e reprodução (DINIZ
e HONORATO, 2012).
Após exposto a alguma forma de estressor ambiental,
uma das respostas mais perceptíveis do peixe é a cessação da alimentação. Esta
resposta é influenciada por efeitos catabólicos das CAs e dos corticosteroides
sobre as reservas energéticas dos tecidos corporais do animal, resultando num
reduzido crescimento nos peixes estressados. Essa redução acontece devido o
cortisol, provavelmente, exercer um papel inibitório sobre a síntese proteica e
isto pode ser utilizado como indicador de crescimento somático (OBA, et al, 2009).
A exposição a agentes estressores podem levar a
redução no sucesso reprodutivo de várias espécies de peixes e os
corticosteroides parecem mediar essa redução. Nos machos pode ocorrer a redução
do conteúdo de gonadotropina (GtH) na hipófise, redução nos níveis plasmáticos
de testosterona e 11-ceto- testosterona, o que resulta na diminuição do tamanho
dos testículos, e da quantidade de espermatozoides, quando comparado com peixes
não estressados. Em fêmeas a redução do conteúdo de GtH pode ser acompanhado pela
redução de estradiol circulante e
diminuição de vitelogenina plasmática, precursor do vitelo. Estas reduções
podem resultar no impedimento da vitelogenêse, redução do tamanho do ovário e
dos ovos, ocorrendo atraso no tempo de ovulação, quando comparado com peixes
não estressados (OBA, et al, 2009).
Vale ressaltar que nem todas as elevações de
cortisol podem ser atribuídas a ameaças no sentido negativo, pois, por exemplo,
em salmonídeos migradores, picos de cortisol consideravelmente aumentados estão
relacionados com a “esmoltificação”, que é o processo de adaptação para a
migração desses peixes da água doce para a água salgada (LIMA, et al, 2006). Este processo esta
relacionado a uma função mineralocorticoide do cortisol, que é a estimulação da
captação de íons como Na+ e Cl- em peixes quando em água doce e a eliminação
destes íons quando em água salgada (OBA, et
al, 2009).
REFERÊNCIAS
DINIZ, N. M.;
HONORATO, C. A. Algumas alternativas para diminuir os efeitos do estresse em
peixes de cultivo - revisão. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v.
15, n. 2, p. 149-154, jul./dez. 2012.
FILHO, Edemar
B.; FIORUCCI, A. R. A importância do oxigênio dissolvido em ecossistemas
aquáticos. Publicado em Química Nova na Escola. 2005. Disponível em : <
http://qnint.sbq.org.br/qni/visualizarTema.php?idTema=20
> Acesso em: 20 Nov 2013.
LIMA, L.C., Ribeiro,
L.P., Leite, R.C, e Melo, D.C.. Estresse em peixes. Rev Bras Reprod
Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.113-117,
jul./dez. 2006.
OBA, E. T. et
al. Estresse em peixes cultivados: agravantes e atenuantes para o manejo
rentável. Artigo Embrapa. Macapá – AP.2009
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